Mais uma vez, o dia mais longo do ano voltou ao Porto. No Sábado, 8 de outubro, tivemos o regresso do Spirit of 78 Triathlon, aos percursos que têm sido percorridos pelos atletas nos anos anteriores. Fizemos questão de manter os trajetos das 3 modalidades praticamente iguais aos originalmente definidos em 2017.
Podemos dizer que o Spirit of 78 triathlon começa a atingir a maturidade, os bigodes já estão presentes praticamente em todas as caras dos atletas masculinos, as sungas e tops já superam os fatos de licra e o aço já representa um terço das bicicletas em prova.
Na sua sexta edição, a prova marca cada vez mais todos os que nela estão envolvidos. Para manter o espírito o mais próximo possível do espírito de 1978, os atletas têm de trazer a sua própria equipa de assistentes. Com eles vêm também as suas famílias e muitos amigos, que fazem do evento uma grande festa do triatlo. Sem falar de que muitos dos atletas presentes são repetentes, alguns estiveram presentes em mais do que uma edição.
Para quem não conhece, o Spirit of 78 Triathlon é uma prova que homenageia os que em 1978 se juntaram a John Collins para realizar uma prova de triatlo que juntou as 3 principais provas de Honolulu, a “The Waikiki Rothwater Swim”, com 3,8km de extensão, a “The Around-Oahu Bike Race”, que dava a volta à ilha com o perímetro de 180km e que terminou com a realização do percurso da Maratona de Honolulu. E para que essa homenagem seja bem feita, os atletas são incentivados a comparecer de bigode, no caso dos homens, sunga, top e com bicicletas de aço com mudanças no quadro.
A noite ainda estava bem escura e fria, quando os primeiros atletas começaram a chegar ao ponto central da prova e iniciaram todo o ritual que uma prova de triatlo exige. Sendo uma prova que duraria bem mais de 10 horas, a atenção nos pormenores é essencial, a alimentação não pode falhar e o equipamento tem de estar no lugar, pronto a ser utilizado.
Com todos os atletas dentro de água é dado o último briefing e com os primeiros raios de sol a rasgar o horizonte é dada a partida. A natação, por ser realizada já próximo da foz do rio Douro, tem de ser feita a favor da corrente. Este ano foi feita, próximo da mudança da maré, já quase por altura da baixa-mar, o que trouxe dificuldades acrescidas, especialmente na parte final do percurso, com a aproximação às escadas que dão acesso ao parque de transição a ser feita bem devagar. À saída da água a prova masculina era liderada pelo Hugo Mota, seguido pelo Tiago Amaral e pelo Paulo Costa. A única mulher em prova, a campeã de 2021, Viola Campanini saiu da água integrada no meio do pelotão dos atletas masculinos.
Os 180km de ciclismo, feitos em 6 voltas a um circuito, não são fáceis, sem grandes subidas, o constante sobe e desce acaba por moer as pernas e tal como em 1978, a estrada encontra-se aberta ao trânsito. Este ano, o percurso contou com uma pequena alteração, no retorno mais distante foi construída uma rotunda, o que tornou a viragem para o regresso bem mais segura e acrescentou cerca de 300m ao percurso, fazendo com que no final os atletas tivessem de percorrer exatamente 180km. Neste segmento, desde cedo 3 atletas se destacaram, Válter Nogueira, Rui Amorim e Hugo Ferreira, tendo todos passado pela liderança da prova. Na transição para a corrida, o Válter Nogueira liderava a prova, sendo seguido pelo Hugo Ferreira e pelo Rui Amorim. A Viola, fez um ciclismo muito consistente, notando-se na sua expressão a vontade de superar o tempo do ano anterior.
A corrida também é feita em circuito, obrigando os atletas a passar 12 vezes na zona de transição, onde durante todo o dia há uma grande festa. Este ano, a corrida acabou por ser o carrasco de muitos atletas, tendo acabado por desistir, neste segmento, cerca de um terço dos que estavam em prova. O Válter não largou o primeiro lugar, o Rui cedo alcançou a segunda posição, que manteve até final e o Hugo acabou na terceira posição. De realçar que o quarto e quinto classificados, realizaram a prova com o rigor que o Spirit of 78 Triatlon exige, de bigode, sunga, top e bicicletas com mais de 30 anos. A Viola terminou confortavelmente a prova, apesar do pesado acidente sofrido em março deste ano que quase a afastou do Triatlo.
O campeão foi o Válter Nogueira, tendo completado a prova em 10h11, seguido pelo Rui Amorim, que gastou 10h21, e finalmente o Hugo Ferreira, com 10h36, completaram os 3 lugares do pódio, todos atletas do Clube Zupper. A italiana Viola Campanini sagrou-se, pelo segundo ano consecutivo, campeã do Spirit of 78 Triathlon, tendo necessitado de 12h51 para completar a prova, não tendo conseguido realizar o objetivo de melhorar o tempo que trazia do ano anterior.
Foi bonito ver um grande número de atletas, amigos e famílias a ficar no local à espera do último atleta a passar a linha de meta, para então se proceder à cerimónia de pódio. Tal como em 1978, espera-se sempre pelo último atleta.
Mais uma vez, o destaque vai para os atletas que iniciaram o Spirit of 78 Triatlon vestidos a rigor e com bicicletas dos anos 70.
Com um grande sorriso na cara e o SpiritMan, a réplica do primeiro trofeu oferecido aos primeiros atletas a completar o Ironman em 1978, na mão, os atletas lá regressaram a casa, com o sentimento de dever cumprido.
Para o ano a prova já tem data marcada para outubro.