Em memória de Evgenii Egorov

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Afonso
Spirit of 78 Triathlon

E a festa do triatlo regressou ao Porto. Depois de um ano em que o Spirit of 78 Triathlon teve de ser realizado em moldes diferentes do habitual, em autossuficiência, sem assistentes, sem público e com o mínimo de voluntários. Este ano voltamos ao normal, com os percursos cheios de gente a apoiar, com a zona de abastecimento a receber a já tradicional festa feita entre assistentes, famílias e voluntários.

Para quem ainda não conhece, o Spirit of 78 Triathlon é um triatlo que homenageia os primeiros atletas a completar o primeiro Ironman, que decorreu no Havaii em 1978. São 4,2km de natação, 180km de ciclismo, acabando numa maratona, isto tudo no Douro e na sua margem.

A prova tem algumas particularidades quando comparada com outras da mesma distância. O número de lugares disponíveis na linha de partida é limitado, os atletas são incentivados a aparecer com bigode, sunga, top e bicicletas de aço com mudanças no quadro. A ideia é que estes tenham uma experiência o mais próximo possível da que tiveram os primeiros atletas em 78.

A quinta edição do Spirit of 78 Triathlon, disputada no passado dia 9 de Outubro, contou este ano com uma grande maioria dos 40 atletas masculinos a apresentarem-se com bigode ou barba. Quanto às mulheres, de 8 atletas inscritas inicialmente, houve 3 que se apresentaram na linha de partida totalmente embebidas pelo espirito que os anos setenta exigem.

As previsões de temperaturas amenas, alguma nebulosidade e pouco vento faziam prever um dia com condições ideais para se praticar triatlo.

Ainda era noite cerrada, quando os atletas começam a chegar ao Museu da Imprensa, local central para mais um dia de esforço, resiliência e superação. Depois do checkin, é hora de arrumar a alimentação e bebidas nos cestos, colocar as bicicletas na saída da água e dar as últimas indicações a quem iria durante o dia estar a ajudar os atletas. Outra particularidade do Spirit of 78 Triathlon, é que os atletas, tal como em 1978, têm de trazer a sua própria equipa de apoio e a sua alimentação. Era hora de rumar ao local de partida, a cerca de 4km a montante.

A neblina que pairava sobre o rio tornava a visibilidade da água bastante reduzida, o que fez aumentar o nervosismo e ansiedade entre os atletas. Um a um lá foram entrando na água, e esperaram ansiosos pelo último briefing dado pelo Joaquim, o homem, que desde a primeira edição dá as últimas indicações sobre as correntes, cuidados a ter e segurança, afinal os anos de experiência como pescador, permitem-lhe tratar o rio Douro como a palma da sua mão.

Este ano o início da prova foi um pouco diferente, antes dos atletas se lançarem à água, quisemos fazer uma pequena homenagem a um atleta que faleceu atropelado quando treinava ciclismo. O Evgenii Egorov esteve presente na edição de 2019 e desde esse dia adotou o Spirit of 78 Triathlon como o seu objetivo anual, regressou em 2020 e estaria presente mais uma vez na edição deste ano. Sempre fez questão de se apresentar com um bigode com um estilo entre o Hercules Poirot e o Salvador Dali. Era uma pessoa reservada mas que ficará na memória de todos com quem partilhou as provas em que participou.

Depois de algumas palavras, o lançamento à água de um ramo de flores e uma grande ovação, foi chegada a altura dos atletas iniciarem o segmento de natação. Como é usual, a natação é feita a favor da corrente, com o Filipe Baptista e o Bruno Pinto a assumirem a liderança logo nos primeiros metros. Nas escadas onde é feita a saída da água, 4,2 km a jusante, seriam estes dois os primeiros a chegar, repetindo o que tinham feito no ano anterior. Nas mulheres a primeira a sair da água foi a Italiana Viola Campanini.

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Paulo Costa
Spirit of 78 Triathlon

Os 180km de ciclismo não são fáceis, são feitos em 6 voltas a um circuito. Não existem grandes subidas, mas o constante sobe e desce acaba por moer bastante as pernas, felizmente este ano o vento que normalmente é presença desde cedo, apenas se começou a fazer sentir a partir das 12h. Outra condicionante a ter em conta é que, tal como em 1978, a estrada encontra-se aberta ao transito, tendo os atletas de respeitar as regras de trânsito.

Na frente da corrida o Bruno Pinto assumiu cedo a liderança, tendo assim permanecido nas primeiras voltas, sendo perseguido pelo José Mota, António Salgado, Valter Nogueira e Tiago Amaral. À entrada para a última volta o Valter Nogueira tinha conseguido passar para primeiro e os restantes atletas mantinham-se próximo. O João Sousa que vinha a fazer um ciclismo cauteloso e se encontra em quinto lugar nessa altura, resolve atacar e quando entra na transição para a corrida já se encontra na primeira posição a alguns minutos do segundo classificado. Nas mulheres, as posições definidas à saída da água mantêm-se até final do ciclismo, com a Viola Campanini a entrar na transição em primeiro.

A corrida também é feita em circuito, com 6 voltas de 7km. O abastecimento encontra-se a meio desse circuito, pelo que os atletas têm possibilidade de se abastecerem a cada 3,5km. Não é uma corrida fácil, para um dos lados o sobe e desce é constante, com o acesso ao abastecimento a ser feito a subidir em estrada de paralelos. Para o outro lado, apesar de plano, na altura do dia em que a corrida é feita o vento é uma constante. O bom que o percurso de corrida tem, é que obriga os atletas a passar 12 vezes na zona onde os assistentes, público e voluntários estão, conseguindo desta forma fazer parte da festa que ali se instala.

O João Sousa entra na corrida em primeiro lugar e não o larga mais. A luta passa para os restantes lugares do pódio com o Valter Nogueira e o Bruno Pinto a fazerem uma primeira parte bastante forte, mas acabando por desistir, deixando a disputa do segundo e terceiro lugares para o António Salgado, Tiago Amaral e Sérgio Mota. De realçar o Miguel Lobão que fez uma corrida forte e muito consistente, acabando por se aproximar do pódio. Nas mulheres as posições mantiveram-se inalteradas, sendo apenas de realçar uma aproximação da segunda classificada, insuficiente para chegar a ser uma ameaça.

O campeão este ano foi o João Sousa, que conseguiu ficar apenas a 6 minutos do recorde do Spirit of 78 Triathlon e que deixou o António Salgado, em segundo lugar a mais de 20 minutos. O terceiro foi o Sérgio Mota a 9 minutos do segundo.

A Campeã foi a Viola Campanini, que manteve a liderança desde o primeiro momento da prova, conseguiu bater o recorde do Spirit of 78 Triathlon por quase uma hora. A Ana Costa foi a segunda e a Carmen Lima completou a sua terceira participação no último lugar do pódio.

O balanço final mais uma vez foi positivo, conseguimos juntar centenas de pessoas a ajudar e apoiar os atletas que aceitaram o desafio de efetuar o Spirit of 78 Triathlon deste ano. O destaque vai para os que aceitaram o desafio de vir com bigodes, vestidos a rigor e com bicicletas dos anos setenta, o Gabriel Manga, que trouxe a bicicleta de aço dos Estados Unidos, o Paulo Castro, o Óscar Rodrigues e o Jorge Silva.

Depois de no ano passado termos tido duas mãos cheias de atletas estrangeiros inscritos e que por causa da pandemia acabaram por desistir, este ano tivemos atletas vindos de várias partes do mundo, além do Gabriel Manga de Nova York, tivemos o Raymond Evarts que veio do Alasca, o Nick Mansley que veio de Cambridge e a Viola Campanini, vinda diretamente dos Alpes italianos, sem contar com os atletas Brasileiros que estiveram em prova.

Acabaram por ser 36 os atletas que levaram para casa o SpiritMan, a réplica do primeiro trofeu oferecido aos primeiros atletas a completar o Ironman em 1978.

Vemo-nos em 2022, para o quinto aniversário do Spirit of 78 Triathlon, que esperamos ser mais internacional e com mais atletas contagiados pelo espirito dos anos setenta.

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Inscrições Encerradas

As inscrições para a Sétima edição do Spirit of 78 Triathlon estão encerradas.
Vemo-nos a 14 de Outubro para mais um dia memorável.

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