Spirit Xtreme, a primeira edição

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Paulo Costa
Spirit of 78 Triathlon

Quando fazer 4km de natação, 180km de bicicleta de aço e correr uma maratona de sunga e top, começa a não ser suficiente, alguém se lembra de fazer uma maluqueira completamente diferente.

Porque não fazer um triatlo que levasse os atletas mais próximo dos seus limites? Uma prova com as distâncias q.b. mas com um acumulado que fizesse com que os atletas quisessem abandonar a prova a meio e ir para casa colocar as pernas ao alto. Uma prova que decidisse quem iria ser coroado com o título de The Strongest Man on Earth.

A natação não podia deixar de ser no rio Douro, e teria de ser uma natação plana, ou como quem diz, sem corrente. O local escolhido foi a barragem de Crestuma, com partida de um dos cais existentes na Lixa. A distância, 2 km, a serem realizados num circuito de uma única vez.

Para o ciclismo, a escolha de onde os atletas teriam de ir acabou por ser fácil. Bastou abrir o mapa, e a Serra da Freita destacou-se logo como o ponto mais alto das proximidades. Com os seus 1100m de altitude, não sendo muito alta, acaba por ser dos pontos mais altos de Portugal. Para chegar lá os atletas teriam de, numa primeira fase, percorrer uma parte de uma das estradas míticas portuguesas, a nacional N222. Uma das desvantagens desta estrada é ter algum trânsito, pelo que se optou por mal fosse possível passar para uma estrada mais secundária. Escolheu-se uma que segue pelo meio de uma zona florestal até Arouca, na base da Serra da Freita. Os atletas teriam de ir ao topo da Serra e descer pelo mesmo caminho. Daqui teriam de seguir de novo em direção ao rio Douro, no sentido de Entre-os-Rios, acabando na vila de Sebolido, tendo o percurso um total de 120km com 2300m de acumulado positivo.

Os atletas teriam de efetuar o percurso de ciclismo em autonomia. Foi aconselhado levarem carro de apoio, quem não o fizesse ficaria por sua conta e risco. Teriam de efetuar a navegação através dos trajetos previamente fornecidos. Haveria um único ponto de controlo intermédio, no topo da Serra da Freita.

A corrida também teria de ser dura, e nada melhor que um trail para resolver a situação. Depois de se estudar vários cenários e alternativas, ficou decidido que iriam utilizar um percurso que não obrigasse a efetuar marcações. Em Sebolido encontrou-se a situação ideal, existe lá um percurso pedestre com 9km e pouco, o PR5 Penafiel, que passa junto ao rio e segue para as eólicas, no topo da montanha, garantindo 500m de subida. Sendo um percurso oficial, as marcações estão bem visíveis e são suficientes para uma boa orientação. Os atletas teriam de completar 2 voltas ao PR5 e acabar com 19km e 1000m de subidas. Como este faz um 8, colocamos a transição no meio do circuito, fazendo com que os atletas tivessem de passar 3 vezes por essa zona, ficando com a hipótese de abastecimento a cada 4/5 km.

Com os percursos definidos endereçaram-se convites a alguns atletas, escolhidos a dedo, para serem as cobaias desta aventura. Optou-se por atletas já com provas dadas no Spirit of 78 e que sempre mostraram ter o espírito, a resiliência e a dose certa de maluqueira para alinhar no que tínhamos preparado.

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Nuno Maia
Spirit of 78 Triathlon

E foi chegado o dia 13 de maio. Às 6 da manhã começam a chegar os 15 atletas que se apresentaram em prova. Não se vê uma única nuvem no céu, tudo aponta para que o dia esteja bom para a prática da modalidade, não fosse o frio que se fazia sentir, mas sendo afinal uma prova xtreme, não seria nada que fosse atrapalhar os atletas. Na realidade foi apenas um pequeno contratempo, a temperatura da água contrastava com a exterior e estava nuns agradáveis 18 graus.

Depois de um pequeno briefing lá partiram. Cedo se começaram a alongar pelo espelho de água, afinal a falta de correntes faz realçar o nível de natação dos atletas. No ponto de retorno o Pedro Magalhães lidera a prova, sendo passado já perto da saída da água. O Paulo Costa é o primeiro a sair da água com 34 minutos, tendo o Pedro nos seus pés. O terceiro acaba por ser o Tiago Amaral.

Uma pequena curiosidade em relação a esta fase inicial da prova. Um dos atletas, o António Ferreira, não acordou a tempo, chega ao local muito atrasado e inicia a natação quando os primeiros saem da água. É de louvar a resiliência demonstrada, mesmo com mais de meia hora de atraso decide aparecer e realizar a prova.

No ciclismo, os atletas não têm descanso e logo ao km 2 começam a subir. E foi entre o sobe muito e desce muito que os atletas se mantiveram a pedalar, com o Magalhães a liderar no ciclismo. Na descida para Pedorido, em plena N222, o Válter Nogueira, passa para a segunda posição.

Chegados a Pedorido, os atletas são brindados com o Rio Douro pelo seu lado esquerdo e na outra margem têm um vislumbre do que os espera mais à tarde na corrida, a Serra da Boneca com as suas eólicas no topo.

É aqui que saem da N222, virando à direita. Ainda o corte à direita não tinha sido feito e o olhar já conseguia adivinhar o que estava para vir, uma rampa com mais de 10% de inclinação durante cerca de 2km. Rampa essa que levou os atletas a uma estrada de montanha, com um piso em muito bom estado, paisagens lindíssimas e praticamente sem veículos a circular. É nesta estrada, que o João Sousa, que foi dos últimos a sair da água, numa recuperação fantástica ultrapassa os perseguidores dos primeiros lugares e se coloca na terceira posição.

Finalmente a chegada à base da Freita. A prova tem um grupo de 3 atletas na frente, seguido de outro com 4 atletas mais atrás. Os 12km seguintes seriam os que iriam definir tudo. Com quase 10% de inclinação média, seria aqui que muitos iriam deixar ficar as pernas. A partir deste ponto seria cada um por si. E assim foi, no ponto de controlo do topo, lá foram chegando um a um, com as posições bem definidas.

Se a subida é muito dura, a descida não deixa de ser má, o mau estado do piso associado à inclinação, faz com que se tenha de efetuar com muita trepidação e bastante devagar. Daqui até ao final do ciclismo as pernas não são poupadas e o sobe e desce mantêm-se até o final.

É quase uma da tarde quando os dois primeiros chegam à transição. Nesta altura o sol brilha bem alto e o calor faz-se sentir, daqui consegue-se ver bem a parte superior da Serra da Boneca, uma zona árida, com trilhos ingremes que serpenteiam até ao topo. Tudo indica que a partir daqui a coisa não vai ficar mais fácil, antes pelo contrário, prevê-se que seja uma tarde sofrida.

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Mariana Costa
Spirit of 78 Triathlon

Todos os atletas conseguem realizar os dois primeiros segmentos até ao fim, mas a subida à Freita acaba por ser carrasca de 2 atletas, que dão terminada a sua aventura, não chegando a calçar as sapatilhas de Trail. Restam 13 atletas com vontade de galgar os trilhos até à meta.

A corrida inicia-se em direção ao rio, é a parte mais fácil, são cerca de 4 km relativamente rolantes e com sombra abundante. Mas as pernas nesta altura já não cooperam como deveriam e esta parte acaba por ter de ser feita bem devagar. Os caminhos levam-nos de novo à zona de transição, onde os atletas aproveitam para abastecer e refrescar.

Aqui sim, começa a dificuldade da prova, uma subida, bastante técnica, que leva os atletas dos 100m de altitude até aos 600m, o Sol não dá tréguas e praticamente não há sombras para aliviar o esforço que tem de ser feito. Lá no cimo, a Serra não dá descanso, os trilhos são estreitos com muita pedra, que dificultam a progressão. A descida acaba por ter uma parte curta um pouco mais rolante, levando de novo os atletas à zona de transição.

Está-se a meio da corrida, nesta altura o João já lidera destacado, sendo seguido pelo António Moreira e o Válter, que discutem o 2 lugar. A segunda volta acaba por não trazer alterações e as posições dos primeiros acabam por se manter inalteradas até ao final. O João Sousa leva para casa o título de The Strongest Manon Earth, o António Moreira fica com a segunda posição e o Válter Nogueira fica no último lugar do pódio.

Como manda a tradição no Spirit of 78, esperou-se pelo último atleta para se proceder à cerimónia de entrega dos prémios.

O sentimento geral entre os atletas no final era de satisfação e dever cumprido. Todos acharam a prova muito dura, mas não alteravam nada do que lhes foi proposto. Acabaram por regressar a casa com uma valente dor de pernas.

A classificação final ficou assim definida:
      1º - João Sousa - 8:20:15
      2º - António Moreira - 8:39:20
      3º - Valter Nogueira - 8:57:15
      4º - Paulo Costa - 9:0:0
      5º - Tiago Amaral - 9:25:0
      6º - António Ferreira - 9:26:10
      7º - Luís Saleiro - 9:33:10
      8º - Jorge Rodrigues - 9:35:5
      9º - Pedro Magalhães - 9:49:50
      10º - Paulo Marques - 10:8:0
      10º - Joaquim Ramos - 10:8:0
      10º - Rui Moreira - 10:8:0
      13º - Alcino Oliveira - 11:36:15
      DNF - José Monteiro
      DNF - Carlos Canito
      DNS - Pedro Ribeiro
      DNS - Sérgio Suzano
      DNS - Rui Amorim
      DNS - Carlos Gomes Ferreira

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Inscrições Encerradas

As inscrições para a Sétima edição do Spirit of 78 Triathlon estão encerradas.
Vemo-nos a 14 de Outubro para mais um dia memorável.

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