Ontem fiquei de coração cheio, não só por ter concluído mais um ironman, ou melhor dizendo por ter concluído mais um Spirit, mas por ver que uma ideia que eu o Pena, Hugo e Neves tivemos há 2 anos numa carruagem de comboio, na ressaca do iberman, não só se tornou realidade no ano passado, como cresceu da melhor forma possível este ano, com mais atletas, a realizarem a prova com o melhor espírito possível.
Porque o local onde decorreu o Spirit, esteve cheio de voluntários, assistentes, famílias, amigos e curiosos das 6 da manhã até às 24 da noite.
Pela dedicação que o Pereira, Tiago, Abreu e Brito mostraram estes últimos dias, sem eles o Spirit não se conseguiria erguer, e estiveram sempre disponíveis para ajudar a resolver os pequenos problemas e os grandes contratempos. E também pelo empenho do Ruao, Gavina, Eduardo e todos os que deram o litro para que a prova tivesse sido o que foi.
Por ver amigos do triatlo a acreditar em nós e a entrar nesta maluqueira de nadar 4km, pedalar 180km e correr 42km, sem pestanejar e a irem até ao fim, independentemente de demorarem 10 ou 15 horas a cortar a meta.
Por ver que o desafio que lançamos, de ver os atletas com o visual à anos setenta, com bigodes farfalhudos, de sungas e tops, de bicicletas de aço, foi aceite e abraçados por todos.
Por ver a cara de alegria de todos os atletas que participaram, e das mensagens de agradecimento que entretanto fui recebendo.
Por ter desafiado algumas pessoas para fotografar o Spirit, e ver durante todo o dia o percurso cheio de fotógrafos. Obrigado Nuno, Zé, Miro, Marco, fotógrafo clandestino e todos os outros que lá estiveram.
Por ver um atleta que veio da Bélgica, de autocaravana para fazer o Spirit e fazer um documentário sobre os 40 anos do ironman, e que no tempo da sua preparação, entre o momento em que se inscreveu e o dia da prova teve um gravíssimo problema de saúde e mesmo debilitado não quis deixar de vir e acabar.
Por ver meia dúzia de atletas a virem de Lisboa, divertirem-se a fazer a prova e a dizer que para o ano querem cá estar de novo, e que ganharam o estatuto de amigos. Um dos quais, o Pedro Conceição, veio carregado de Lisboa com os prémios de finisher dos atletas.
Por ver atletas a realizarem o ciclismo com bicicletas com mais de 20 anos, onde o esforço a pedalar é muito maior que nas atuais, e em que acabaram por pagar e fazer uma maratona muito mais sofrida do que seria normal. Eu tentei, mas com muita pena minha, apesar de ter começado a prova com uma bicicleta com 35 anos, o pneu traseiro rebentou ao km 15 e sendo boyou, fui obrigado a trocar de bicicleta.
Por ver o Miguel Vieira terminar o Spirit, uma semana depois de ter feito o ironman de Barcelona, sem nunca pensar em desistir.
Por ver os 3 últimos atletas a correr no meio de uma tempestade, que, entretanto, se instalou, sem pensarem em baixar os braços.
Fiquei de coração cheio por mais uma vez termos conseguido fazer do Spirit of 78 Triathlon, uma grande festa do triatlo.
Paulo Costa
